A separação conjugal pode ser definida como uma crise que ocorre dentro do ciclo de vida familiar e que desafia a visão de vida básica de como devemos viver a vida . Corresponde a uma interrupção do tradicional ciclo, capaz de produzir desequilíbrio e sofrimento significativo na família, em virtude da aquisição de novos papéis, mudanças e perdas decorrentes do processo que exigem um luto a ser elaborado. Trata-se de uma transição que compreende tarefas emocionais que precisam ser elaboradas e completadas para a superação, favorecendo desta forma que o individuo possa prosseguir em seu desenvolvimento.
Como em outras etapas da vida, as questões emocionais não resolvidas nesta fase, continuarão como obstáculos em relacionamentos futuros. Contudo, o trauma da separação conjugal, uma vez enfrentado e manejado, é capaz de proporcionar novos espaços afetivos e produzir transformações positivas através de reestruturações e amadurecimento. Em virtude das perdas conseqüentes, a capacidade de enfrentamento torna-se diminuída e muitas vezes a pessoa envolvida não consegue pensar de forma racional em virtude da fragilidade emocional que se torna uma ameaça ao equilíbrio psíquico.
A psicoterapia pode auxiliar o paciente que enfrenta uma separação conjugal a lidar melhor com os estressores envolvidos através dos processos de elaboração, aceitação e ressignificações. A elaboração é necessária para que o luto possa ser vivenciado de uma forma mais adaptativa, portanto é saudável que o paciente possa se conectar com sua dor, para que suas emoções e sentimentos possam ser avaliados, adaptados e futuramente transformados. A aceitação é o segundo momento, após a elaboração, que permite ao paciente pensar de forma mais racional. É o momento em que serão avaliadas as forças pessoais, capacidades de enfrentamento e recursos disponíveis para a superação. A ressignificação é o momento em que o paciente já está com a esperança instalada no futuro e nas possibilidades de superação. O desfecho desta crise é uma elaboração progressiva
A percepção de que os estressores são desafios manejáveis, auxilia no enfrentamento da crise, desta forma, o paciente é incentivado a pensar em suas conquistas de desempenho para que seu senso de autoeficácia possa ser reforçado. Acreditar no senso de auto eficácia, proporciona ao paciente um contexto seguro para as necessárias mudanças, construções, ajustes, amadurecimento e superação.