Quando a ansiedade é um problema? Saiba diferenciar a ansiedade normal da ansiedade patológica.
Atualmente muito se houve falar sobre a ansiedade, sendo um tema que já se tornou bastante generalizado e que acomete grande parte da população. Facilmente o mal estar psíquico recebe o diagnóstico de ansiedade, rotulando a maioria das pessoas como ansiosas. Na verdade a ansiedade faz parte da natureza humana devido relação com as incertezas, preocupações, medos e estados de apreensão. É difícil viver uma vida em estado de completa tranqüilidade e segurança, portanto, certo nível de ansiedade é normal e necessário para a sobrevivência.
A ansiedade torna-se um problema quando ultrapassa os níveis adequados em relação à freqüência e persistência dos sintomas gerando significativo prejuízo e sofrimento na vida da pessoa. Uma pessoa que sofre de ansiedade em seus níveis alterados ( intensidade, freqüência e persistência dos sintomas ) e que tem áreas de sua vida afetada, pode ser considerada ansiosa e certamente sofre da ansiedade clínica. As pessoas ansiosas estão propensas a desenvolverem transtornos de ansiedade como, por exemplo, o transtorno de ansiedade generalizada, pânico, fobias, TOC ( transtorno obsessivo compulsivo) , TEPT ( transtorno de estresse pós traumático ) e ansiedade de separação. Entre outros transtornos, a pessoa fica mais sensível e reativa ao estresse , podendo também desencadear episódios depressivos.
Sintomas
Os sintomas de ansiedade incluem alterações a nível cognitivo, emocional e comportamental , ou seja, quando se está ansioso, o modo de pensar, sentir e se comportar é diferente e acentuado . O corpo também responde aos estados de intensa ansiedade, resultado nos sintomas físicos. Entre alguns dos variados sintomas estão:
Cognitivos
- Medo de perder o controle
- Medo de não ser capaz ou de não conseguir algo
- Medo de algum acontecimento trágico ou desfechos negativos
- Medo de morrer, adoecer ou enlouquecer
- Dificuldades de concentração e atenção
- Percepção alterada ou potencializada da realidade
- Superestimação do perigo e da ameaça
- Confusão mental e esquecimentos
- Dificuldade de raciocínio
- Negativismo
- Preocupação
Comportamentais
- Evitação e fuga das situações temidas
- Busca de segurança
- Agitação e inquietação motora
- Falar muito
- Trocar palavras
- Retraimento e isolamento
- Insônia
- Irritação
Emocionais
- Angustia
- Apreensão
- Tensão
- Frustração
- Impaciência
Físicos
- Falta de ar
- Taquicardia
- Sudorese
- Tremor
- Sensação de desmaio
- Alteração da pressão arterial
- Náusea
Entendendo a ansiedade
Os sintomas variam de um episódio para outro, de pessoa para pessoa e também na mesma pessoa, portanto as crises e os estados de ansiedade nem sempre são iguais. Pode inclusive ser difícil em alguns casos, distinguir a ansiedade normal da anormal, cabendo a um profissional da saúde mental avaliar a intensidade e freqüência dos sintomas, bem como o grau de interferência na vida diária . A ansiedade chamada clínica, pressupõe a presença de uma significativa alteração, caracterizada por uma tendência perceptiva e emocional exagerada, negativista , catastrófica, irrealista, intensa, persistente e generalizada.
A ansiedade geralmente está orientada para o futuro, sendo acompanhada do medo perante a percepção real, potencializada ou imaginária de situações relacionadas ao perigo , desconhecido, ameaça ou incertezas. Na maioria das vezes o estado apreensivo está relacionado ao questionamento “E se?” que está associado a estados de vulnerabilidade, intolerância as incertezas e impossibilidade de controlar e prever o futuro.
A mente ansiosa
O processo cognitivo é o maior responsável pelo desencadeamento e reforço da ansiedade. O modo como pensamos, pode determinar se o estado ansioso se intensifica, persiste ou diminui. Em outras palavras, a ansiedade diminui naturalmente se não for dada a devida atenção. O tratamento da ansiedade requer consciência e atenção psicológica , pois geralmente os pensamentos são automáticos, ou seja, a pessoa somente percebe as alterações emocionais. O cérebro automaticamente sofre influência das crenças ativadas e das experiências armazenadas , examinando o ambiente na busca de sinais de perigo e ameaça , resultando na percepção ansiosa e na expectativa apreensiva. Este processo superestima o perigo e a ameaça, subestimando a capacidade pessoal para o enfrentamento das situações aversivas ou temidas. São ativadas crenças ( pensamentos ) de incapacidade e vulnerabilidade que distorcem a realidade. Em outras palavras, a ansiedade distorce as cognições fazendo com que o foco seja concentrado no perigo, na vulnerabilidade, ameaça e impotência.