Atualmente, muito se ouve falar sobre transtornos de humor em especial a bipolaridade e depressão. Muitas pessoas recebem estes diagnósticos em virtude da presença de sintomas bem característicos. Quando os sintomas não são muito característicos, o diagnóstico pode ser facilmente confundido, portanto uma avaliação bem sucedida requer cautela, devendo ser realizada pelo médico psiquiatra. Mas afinal o que o transtorno bipolar e a depressão apresentam em comum?
Vamos partir do entendimento em relação ao estado eutímico. Entende-se por eutimia, a linha do humor estável e regulado em que a pessoa sente-se bem consigo mesma, reagindo de forma proporcional aos acontecimentos do dia a dia em termos de tempo e intensidade. O ideal é que a eutimia seja o humor predominante, que serve como ponto de partida para a transição em outros estados de acordo com os acontecimentos, devendo a reação emocional ser proporcional em termos intensidade e tempo, retomando ao estado anterior ( eutimico ). De acordo com o tipo de temperamento predominante, não é possível manter a linha eutimica como ponto de partida. Vivemos uma geração de pessoas alteradas em termos de humor, em virtude das muitas demandas, estímulos, competitividade e relações adoecidas, sendo a grande maioria acometida pelo estresse e transtornos de ansiedade . Neste caso é comum observar uma pessoa com humor ansioso como característica predominante não significando alteração de humor ou algum transtorno de ansiedade.
Entende-se por alteração do humor a oscilação pelo qual o mesmo é acometido, resultando na instabilidade e imprevisibilidade sem motivos aparentes ou não justificáveis para tamanha reação. Um acontecimento bem manejado por alguém que não sofre de alteração de humor, pode ser um gatilho para quem apresenta este problema. Diferente da depressão que apresenta apenas a queda do humor ( partindo da eutimia ), na bipolaridade, existe a oscilação entre os diferentes estados de humores, podendo variar entre tristeza, irritação e euforia. A euforia apresenta duas faces, o humor enérgico e autoconfiante e por outro lado o irritado e explosivo.
A grande marca da bipolaridade é a oscilação do humor tanto para cima ( euforia ) como para baixo ( tristeza ). O pólo acima inclui os estados de hipertimia, hipomania, disforia e euforia. A hipertimia e hipomania são estados semelhantes à euforia, mas em níveis menos intenso, caracterizados pelo excesso de bom humor, energia, autoconfiança, disposição, expansão, impulsividade, exagero nas condutas, intensidade na comunicação e sentimentos, tendência ao desafio, oposição , comportamentos de risco, entre outras características. A disforia é caracterizada pela tensão, ansiedade, irritação, crises explosivas e agitação. O pólo abaixo inclui tristeza, apatia, melancolia, angustia, desesperança, pouca energia, negativismo, passividade, isolamento, cansaço, dificuldades de concentração e alterações no apetite e sono. O humor ansioso pode estar presente nos dois pólos e consiste na preocupação, insegurança, apreensão, dispersão e inquietação.
O transtorno bipolar apresenta causas hereditárias e ambientais a partir da interação com o ambiente familiar. A medicação é imprescindível na regulação do humor. As medicações mais utilizadas são os estabilizadores de humor. A pessoa deve manter a medicação mesmo quando se sente estável, pois um dos objetivos do tratamento é a prevenção das crises e oscilações. A psicoterapia no transtorno bipolar auxilia na psicoeducação em termos de adesão ao tratamento médico, autoconhecimento, melhora na qualidade de vida , adaptação ao ambiente e relações interpessoais. Sendo tratado adequadamente o prognóstico é positivo, sendo possível uma vida tranqüila e humor regulado. É importante além da medicação e psicoterapia, o apoio dos familiares e amigos mais próximos.
A depressão como já foi dito anteriormente, não apresenta oscilação e nem instabilidade. O humor simplesmente baixa e ali fica até retomar ao estado eutímico. Muito dificilmente é possível a cura da depressão sem tratamento com medicação e psicoterapia. Em alguns casos, dependendo do nível da depressão, ou seja, se for um grau leve, é possível a melhora significativa dos sintomas somente através da psicoterapia, mudança de hábitos, afastamento dos estressores ( situações aversivas ) e o apoio de familiares e amigos. Em nível moderado à grave o acompanhamento psiquiátrico e medicação, são imprescindíveis para a regulação dos neurotransmissores responsáveis pela sensação de prazer, bem estar, disposição iniciativa e motivação. Trata-se de um transtorno que apresenta componente hereditário e ambiental. Apesar da bipolaridade popularmente ser mais preocupante, a depressão é um transtorno grave que afeta a saúde mental e física, interferindo negativamente nas diferentes áreas da vida. Atividade física, alimentação equilibrada, sol, atividades prazerosas e relações significativas ( familiar, social e afetiva ) são antidepressivos naturais que auxiliam na produção de serotonina, neurotransmissor responsável pela sensação de bem estar.